Período 3 - 3/6
Becos e pocilgas. Costume? Talvez...mas acho que só nesses lugares é que me sinto a vontade.
É onde a maior interação, todos desprezíveis porem, vivendo miseravelmente em conjunto. Uma harmonia típica. Cadeia alimentar completa.
Hoje me sinto estranhamente capaz de não fazer nada, apenas comprovar a existência humana daqui da janela. Deveria tirar o rosto desse vidro empoeirado, mas não sei o que faria se não estivesse aqui...
Bem, de certo modo, há tantas coisas que eu deveria fazer que nem saberia por onde começar. Tirar a barba? Mas pra isso seria necessária uma gilete, e enfim, não me sinto disposto a descer vários lances de escada, atravessar algumas ruas, nesse calor e desembolsar trocados que poderiam fazer falta outro dia qualquer.
Alem do mais – que mania de dizer isso! - não me sinto seguro com giletes, facas, agulhas e seringas por perto. Lembram uma fase ruim de minha morte. Uma época desvairada onde tudo era diversão... e realmente era!!! E o que tem de ruim então? Boa pergunta....boa pergunta... não acho que apenas tenha medo...deve haver alguma razão especifica..ao menos uma nova forma esquizofrênica relaxada, ou apenas não me lembro....apenas não quero ser a pessoa mais constantemente drogada da cidade.
Reflexões melancólicas a parte, acho - porem nunca tenho certeza e geralmente uso as partículas negativas não e nunca – que deveria encontrar alguém.... de preferência que não falasse muito, uma garota bonita, e tivesse no mínimo uma personalidade e honestidade possível, para trocar umas idéias...no fundo, devo estar com sono ou um tipo desconhecido de disfunção relativa a sexo naquele local chato...uma coisa chamada por muitos de “porra de abstinência”
Não vamos ser pessimistas. Vou esperar mais um pouco antes de entrar em desespero. Eu sei que algum dia, em algum lugar, irei fazer alguma coisa de relevância para a humanidade que tanto desprezo e odeio, e que iria usufruir de minha genialidade não serei eu, pois já estarei morto de novo e assim a egocêntrica e degenerada sociedade capitalista que só me dará valor anos depois, como é comum vermos os grandes mestres que revolucionam suas eras, ou se pensarmos ao menos os que estão a nossa volta nos odeiam quando somos quentes e nos santificam quando estamos gelados.
Transformaram a mim – logo quem! – num ídolo para que as pessoas “normais” – com ou sem aspas – pensem que nunca poderão fazer aquilo de brilhante e magnífico que fiz e acomodem se em suas medíocres casas, acreditando em toda sorte de porcarias (des)informativas e imediatistas que são transpostas e fixadas em cérebros ingênuos, preguiçosos e corruptíveis. Irão impor uma imagem minha, domesticada aos olhos de cada individuo que se interessar por minha arte e desvirtuaram tudo o que terei feito, por mais subversivo que seja.
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Volenti nihil difficile.